sexta-feira, novembro 14, 2008

IMPULSIVA!!! Clarice nos explica.


“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade. Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”
Aprendendo a viver, Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2004

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quarta-feira, novembro 12, 2008

REMODELAR

Ontem caí na cama e dormi. Apenas deitei e dormi...não sonhei como de costume. Adormeci. Nem sequer acordei sobressaltada no meio da noite. Foi um sono completo, inteiro. Cansada. Estava cansada...estando cansada...estou cansada.
Aquela roupa desgastada que teima em ser usada constantemente precisa ser posta de lado. Sim...confesso...que por ela tenho um apego imenso...Vaidade...Ela me cai bem. Remodelar? Quem Sabe! Penso que estando cansada desta veste seja preciso abandoná-la. Falta coragem. Preciso de criatividade. Como conseguir viver sem a roupa que compõe o "guarda-roupa" que me esconde? Remodelar! Sim. Encontrar uma maneira diferente de vesti-la e continuar sentindo-me viva...essa questão me aflinge. Socorro! Socorro! Socorro! Certamente a Socorro* não faria um bom trabalho com aquela lá...Daí penso ter que obter tal habilidade. Remodelar.
Acordei com tesoura, agulha e linha em minhas mãos...
Lembrei que eu havia sonhado!
*minha costureira.

domingo, novembro 09, 2008

FELICIDADE CLANDESTINA

Tem sido difícil postar alguma coisa por aqui!
Meus dias estão sufocados pelas atividades do final do curso. Não...não estou me queixando...do contrário... sinto-me inteiramente satisfeita pelos esforços que tenho empreendido (declaro sem modéstia alguma sobre os esforços)...
O tempo que dedico às diferentes leitura das 10 (dez) disciplinas, que me propus a cursar para tornar-me profissional da linguagem* tem sido feito com devoção. E por que não dizer paixão? Sim, paixão! Porque é assim que tenho me sentido nos últimos dias...APAIXONADA pelo aprendizado...pelas leituras de teóricos de várias áreas da linguística...da literatura...Paixão por conhecer um mundo de possibilidades que poderão ser exploradas tão logo eu conclua essa primeira etapa.
Quando me encontro debruçada sobre os textos meus olhos se avivam e minha alma se enternece frente as descobertas que vão se agregando...Bahktin me emociona quando diz que, “Na realidade não são palavras o que pronunciamos ou escutamos, mas verdades ou mentiras, coisas boas ou más, importantes ou triviais, agradáveis ou desagradáveis, etc. A palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico ou vivencial” (Maxismo e Filosofia da Linguagem).
E assim vou descobrindo novos sentidos para as minhas vivências...
Clarice Lispector, certamente, há de descrever melhor o que me tem ocorrido:
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante
P.S.: Caso deseje emocionar-se tanto quanto eu com a leitura de Felicidade Clandestina dê uma olhada nesse link http://www.casadobruxo.com.br/poesia/c/clara15.htm.